quinta-feira, 26 de julho de 2007

18/08/2007 - Retro - Festa à Fantasia - Meu aniversário


quarta-feira, 25 de julho de 2007

Silenzio! No hay banda

"No hay banda. There is no band. Il n’y a pas d’orchestre".

IT'S JUST ILLUSION!

Cidade dos Sonhos/Mulholland drive
David Lynch

sábado, 21 de julho de 2007

*foge*

"odeio quando fico assim.
odeio quando penso em te querer.
quando tento não conter.
e quando me deixo crer
que ainda há tempo.

odeio saber de ti.

prefiro mil versos tristes.
mil sonhos fúteis.
a qualquer vontade insana
de querer maior.
prefiro me conter entre meus textos.
vomitar minhas palavras.
a deixar voltar a mágoa
de ter-te teu em braços meus.

odeio esse falso amor.
essa falsa verdade.
e a intensa maldade
que comanda meu coração.

deixa quieto.

foge enquanto há tempo.
some do meu alcance
pra não cair nas entrelinhas
desse verso triste
de dor constante."

Beatriz Moiana

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Retóricas

Aquele que usa, em suas retóricas, as palavras que os homens se habituaram a ouvir há muito tempo talvez ainda receba algum aplauso; no entanto, para que do caos nasça um cosmo social os homens deverão dignar-se a ouvir outras palavras e outras sentenças.


Autor: Steiner , Rudolf
Tema: Activismo
Fonte: O Anjo em nosso corpo astral

Porque???

Se você diz o que pensa, é cruel
Se você diz o que sente, é tolo
Se você não disser o que pensa, é hipócrita
Se você não disser o que sente é insensível




Quando somos cruéis, fazemos sofrer
Quando somos tolos, sofremos
Quando somos hipócritas,somos desleais
Quando somos insensíveis, nos tornamos imperceptíveis



Quero ser verdadeira
Quero ser afetuosa
Não quero mais fingir
Não quero ser impassível



Não posso?



Leila Monteiro
18/07/2007 - 01:23h

sábado, 14 de julho de 2007

Poeminho do contra




Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!




Mário Quintana

Caderno H, 1973

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Diretas Já


'Se não houver frutos

Valeu a beleza das flores

Se não houver flores

Valeu a sombra das folhas

Se não houver folhas

Valeu a intenção da semente'.
Henfil
Henrique de Souza Filho
Cartunista, quadrinhista, jornalista, caricaturista e escritor. Brasileiro de MG.

Atuou no teatro, cinema, televisão.

Colaborou com o jornal O Pasquim, em 1969.

Participou dos movimentos políticos e sociais no Brasil contra a ditadura, pela democratização do país, anistia aos presos políticos e Diretas Já.

Henfil era hemofílico e contraiu Aids através de uma transfusão de sangue.

terça-feira, 10 de julho de 2007


Noite, silêncio, folhas imóveis;
imóvel o meu pensamento.
Onde estás, tu que me ofereceste a taça?
Hoje caiu a primeira pétala.

Eu sei, uma rosa não murcha
perto de quem tu agora sacias a sede;
mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,
e que te fez desfalecer.


Acorda... e olha como o sol em seu regresso
vai apagando as estrelas do campo da noite;
do mesmo modo ele vai desvanecer
as grandes luzes da soberba torre do Sultão.


Omar Khayyam

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Morte Aos Falsos

Sua falsidade
Sua maneira de falar
Ninguém no fim vai querer te escutar
Quantos amigos você tem, pode contar
Porque ninguém vai querer te ajudar
Tomara que quebrem teus ossos
Esmaguem suas pernas
Arrebentem tua cara e te encham de porrada
Quebrem teus dentes e te façam engolir a merda que você é
A merda que você faz
Morte aos falsos
Você é ninguém, você é nada
Pois quer ser um para cada um
A verdade não tardará a vir e o ódio a você será comum
Você pensa que sendo assim vai conseguir tudo o que vê
Seu sofrimento será maior do que o mal que você deseja
Sofra, morre, sua existência é desprezada
Suma, desapareça
Para você não resta mais nada

Dorsal Atlântica

terça-feira, 3 de julho de 2007

Fábula Curta

"Ai de mim!", disse o rato, "o mundo vai ficando dia a dia mais estreito".

"Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis-me já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair".

"Mas o que tens a fazer é mudar de direção", disse o gato, devorando-o.
Franz Kafka
Tradução de Torrieri Guimarães

XXIX - UMA CARNIÇA


Lembras-te, amor, do que nessa manhã tão bela,
Vimos à volta de uma estrada?
- Uma horrenda carniça, oh que visão aquela!
Aos pedregulhos atirada:

Com as pernas para o ar, qual mulher impudente
Tressuando vícios e paixões,
Abria de maneira afrontosa e indolente
O ventre todo exalações;

Radiante, cozinhava o sol essa impureza,
A fim de tendo o ponto dado,
Cem vezes restituir à grande Natureza
Quanto ela havia ali juntado.

E contemplava o céu a carcaça ostentosa,
Como uma flor a se entreabir!
E o fétido era tal que estivestes nauseosa,
Quase em desmaios a cair.

Zumbiam moscas mil sobre esse ventre podre
De onde os enxames vinham, grossos
De larvas, a escorrer como azeite de um odre,
Ao longo de tantos destroços.

E tudo isso descia e subia em veemência
Ou se lançava a fervilhar...
Dir-se-ia que esse corpo a uma vaga influência
Vivia a se multiplicar!

- Era um mundo a vibrar sons de música estranha,
Bem como o vento e a água em carreira
Ou o som que faz o grão que o joeirador apanha
E agita e roda na joeira;

E tudo a se apagar mais que um sonho não era,
- Esboço lento a aparecer
Sobre a tela esquecida, e que um artista espera
Só, de memória, refazer;

De uns rochedos, por trás, uma cadela quieta,
Com desgostoso olhar nos via,
Espiando a ocasião de retomar, à infecta
Ossada, o que deixado havia;

- E no entanto hás de ser igual a essa imundícia,
A essa horripilante infecção,
Astro dos olhos meus, céu da minha delícia,
Tu, meu anjo e minha paixão!

Assim tu hás de ser, oh! Rainha das Graças!
Quando depois da extrema-unção
Fores apodrecer sob a erva e as flores baças,
Entre as ossadas, pelo chão!

.......................................................................

Dize então, lindo amor, à larva libertina
Que há de beijar-te em lentos gostos,
Que eu a forma guardei, mais a essência divina,
Dos meus amores descompostos!


Charles Baudelaire, Tradução de Álvaro Reis
Original em francês: Les Fleurs du Mal.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Os Rubaiyat


(...) 70. Vinho! Que palpite em minhas veias,
que inunde a minha cabeça. Silêncio!
Tudo é mentira. Copos! Depressa!
Envelheci muito.

71. Do meu túmulo virá um tal perfume de vinho
que embriagará os que por lá passarem,
e uma tal serenidade vai pairar ali,
que os amantes não quererão se afastar.

72. No turbilhão da vida são felizes aqueles
que presumindo saber tudo não se instruem.
Fui buscar os segredos do Universo e voltei
invejando os cegos que encontrei pelo caminho.

73. Alguns amigos me dizem: Não bebas mais Khayyam.
Respondo: Quando bebo, ouço o que me dizemas rosas, as tulipas, os jasmins;
ouço até o que não me diz a minha amada.

74. Em que pensas? Nos que já morreram? São pó no pó.
Pensas nas virtudes que tiveram? Sim? Deixa-me sorrir.
Toma este copo, vamos beber; ouve sem inquietaçãoo vasto Silêncio do Universo.

75. Não faças planos para amanhã.
Sabes se poderás terminar a frase que vais dizer?
Talvez amanhã estejamos tão longe deste albergue,
como os outros que já se foram há sete mil anos.

76. Conquistador de corações, belo moçode olhos brilhantes e altivo semblante,
senta-te e apanha um copo. Eu te contemplo,
e penso na ânfora que serás um dia.

77. Há muito tempo a minha mocidade se foi.
Primavera da minha vida, passaste como passaram
as outras primaveras: sem que eu percebesse.
Partiste, como se vão os melhores dias.

78. Sente todos os perfumes, todas as cores,
todas as músicas; ama todas as mulheres.
Lembra-te que a vida é breve,e que breve voltarás ao pó.

79. Não terás paz na terra, e é tolice acreditar
no repouso eterno. Depois da morte
teu sono será breve: renascerás na erva
que será pisada, ou na flor que murchará.

80. O que realmente possuo?
O que restará de mim depois da morte?
É tão breve a vida, uma fogueira:
Chamas, e depois, cinzas. (...)
Omar Khayyan
Versão em Português de Alfredo Braga